Uma mulher da comunidade palestiniana do Brasil segura um cartaz em português que diz “Mulheres muçulmanas no Brasil: anti-sionistas” durante um protesto pró-palestiniano em Brasília a 20 de outubro de 2023 doutrina, antimilitarismo e antiextremismo”
O Brasil convocou seu embaixador em Israel e declarou que não retirará a declaração que o governo israelense chamou de "antissemita", intensificando a disputa entre os dois países nesta semana.
No domingo, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, comparou a guerra de Israel em Gaza ao Holocausto, o que provocou a ira de Israel. O conflito já resultou na morte de quase 30 mil palestinos.
Na segunda-feira, Israel declarou Lula uma pessoa "non grata", convocou o embaixador brasileiro e exigiu que Brasília retirasse sua declaração. Em resposta, o Brasil convocou o embaixador de Israel em Brasília para repreendê-lo e também chamou de volta seu representante em Tel Aviv.
Esta crise marca um novo capítulo nas relações entre os dois países, que estão a mais de 10.000 quilômetros de distância, mas têm uma história que remonta à fundação de Israel.
O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, comparou a guerra de Israel em Gaza ao Holocausto numa cimeira da União Africana em Adis Abeba, Etiópia (Reuters)
Slot### Posição do Brasil sobre a guerra
O Brasil condenou o ataque de 7 de outubro liderado pelo grupo palestino Hamas contra Israel, que resultou em 1.139 mortes e mais de 200 pessoas feitas reféns.
No entanto, o país também criticou abertamente a guerra em Gaza, denunciando os ataques indiscriminados de Israel contra civis e infraestruturas essenciais. Lula declarou que a morte de milhares de crianças é "particularmente chocante".
No Conselho de Segurança da ONU, onde o Brasil é membro não permanente, o país apoiou todas as resoluções pedindo cessar-fogo em Gaza, embora os EUA tenham vetado essas iniciativas.
Em novembro, após Israel permitir que estrangeiros, pessoas com dupla cidadania e pacientes palestinos deixassem Gaza pelo posto fronteiriço de Rafah, brasileiros foram inicialmente excluídos da lista diária, gerando especulações de que Israel estava retaliando a postura diplomática do Brasil. Israel negou essas acusações.
Quando os voos de repatriação finalmente começaram, Lula esteve presente na pista do aeroporto em Brasília para receber brasileiros de origem palestina.
Por décadas, o Brasil tem defendido a criação de um Estado palestino baseado nas fronteiras anteriores à guerra árabe-israelense de 1967, quando Israel ocupou Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental.
### As Relações Brasil-Israel
O Brasil teve um papel crucial na criação do Estado de Israel. Em novembro de 1947, o Brasil presidiu a Assembleia Geral da ONU, onde o plano de partilha da Palestina foi votado. O então chanceler brasileiro, Osvaldo Aranha, foi fundamental para o sucesso da votação, adiando a decisão para garantir votos suficientes. Hoje, ruas em Tel Aviv e Be'er Sheva, além de uma praça pública em Jerusalém, levam seu nome.
O Brasil foi um dos primeiros países a reconhecer Israel oficialmente em 1949. Atualmente, mais de 100 mil judeus vivem no Brasil, formando a segunda maior comunidade judaica da América Latina.
Durante o governo de Jair Bolsonaro, as relações bilaterais atingiram novos patamares. Bolsonaro declarou o Brasil "o melhor amigo de Israel" e considerou transferir a embaixada brasileira para Jerusalém, mas acabou instalando um escritório comercial na cidade.
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